quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Não quero mais ser apenas a mulher fatal, aquela que desatina juízos, desarruma os lençóis e transforma a tua vida num redemoinho doce. Quero ser também a tranquilidade das tardes sonolentas depois do almoço, a fluidez das horas ociosas. Quero ser canto, colo, aconchego, rotina e abrigo de paredes concretas. E uma ponte para o exterior quando a madrugada inquieta... Quero permanecer mais do que estar, sem me preocupar para que direção o vento levará teus desassossegos...
Quero saber-te pleno e estar feliz por isto, seja lá qual for o motivo. Quero saber-me plena e casada com o amor, mesmo que você já não seja mais o foco. Há muito alvoroço de mar em mim, deixa que eu viva e escreva por esta Natureza. (Nasci explícita para que ninguém me guarde num segredo). Sou permanência e transitoriedade. Sou reminiscência e novidade. E sei e sinto e vejo mais do que gostaria. E, se isto me orienta também me angustia. Você sabe: às vezes me falta destreza.
E para que não seja sempre assim tão ácido,
Não sejamos nós, antes sejamos laços:
Desses que se atam e desatam com delicadeza."

Marla de Queiroz

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